terça-feira, 3 de novembro de 2009

Patologias Associadas-continuação



Patologias que ocorrem no osso:


Recorrer a banco de ossos tem sido cada vez mais necessário nos últimos anos em virtude do aumento do número de cirurgias como: tumores ósseos, artrodeses de coluna, revisões de artroplastia total de quadril e traumatismos com perda óssea. Tem-se tentado criar alternativas de enxerto ósseo, como o uso de osso liofilizado, tanto bovino quanto humano. Os processos de liofilização e o tempo de reidratação do osso antes de sua utilização transoperatória têm sido implicados na alteração das propriedades biomecânicas do osso. Este trabalho comparou a resistência à compressão in vitro do osso bovino congelado e do osso bovino liofilizado reidratado. Utilizaram-se cilindros de 10 x 8mm provenientes de côndilos femorais bovinos, que foram testados em uma máquina de compressão automatizada. Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre os grupos estudados. O enxerto ósseo bovino congelado e posteriormente descongelado durante uma hora suporta as mesmas cargas compressivas e possui a mesma razão de deformação que o osso bovino liofilizado e reidratado durante 90 minutos antes do teste ou reidratado no momento do teste. O processo conjunto de liofilização e reidratação do osso não altera as suas propriedades biomecânicas de compressão.(AU)


Caso 1


Histopatologia: presença de ouvido médio anormal com retração da membrana timpânica, timpanosclerose maciça e importante destruição dos ossículos. Também nota-se presença de tecido de granulação e neoformação óssea. (Figura 3). Comentário: os achados neste OTH indicam claramente a correlação da otite média e suas seqüelas. O quadro de OMC da figura três demonstra alterações teciduais irreversíveis dentro do ouvido médio que somente poderiam ser adequadamente tratadas através de uma intervenção cirúrgica. Está claro que a presença de uma perfuração da MT, não é uma condição indispensável para a conceituação da OMC. Vários autores demonstraram que quando a definição de OMC se estende além da perfuração timpânica pura e simples e passa a considerar alterações patológicas irreversíveis teremos MT intactas (porém dificilmente normais) em 80% dos casos 2.3.


Caso 2


Informações clínicas: paciente com história de cofose e otorréia no ouvido esquerdo desde o nascimento. A otorréia, entretanto, cedeu aos trinta anos.


Histopatologia: a cavidade do ouvido médio apresenta um colesteatoma de grandes proporções envolvendo a cápsula ótica, o nervo facial e a mastóide, além deste achados no ouvido médio este osso temporal mostra outras alterações compatíveis com otoespongiose, labirintite e schwanoma vestibula.


Comentário: este caso é clássico para ilustrar que múltiplas patologias podem ser concomitantes em u mesmo ouvido. O colesteatoma, otoespongiose e o Schwanoma s independentes entre si e completamente coincidentes. A labirintite entretanto, poderia ter sido causa tanto pelo colesteatoma como tumor. A presença de patologias múltiplas acometendo o osso temporal já foi motivo de publicação prévia extraída de estudos histopatológicos 4.


Histopatologia: há extenso envolvimento otospongiótico do ducto coclear e labirinto vestibular com hidropsia endolinfática acentuada.


Comentário: o paciente apresentava história típica de doença de Meniére. Os achados histopatglógicos fortemente sugerem uma relação causal (neste OTH) entre a otoespongiose e o desenvolvimento da hidropsia endolinfática. Novamente estudos da associação de otoespongiose e hidropsia endolinfática já foram tema de publicações anteriores partidas de constatações histopatológicas irrefutáveis.


Direções futuras:


A filosofia expansionista do Laboratório de Otopatologia da Universidade de Minnesota associada à procura constante de novas técnicas fizeram com que estudos de microscopia eletrônica viessem a se somar aos de microscopia óptica nos últimos anos. A ultra-estrutura de OTH e a minúcia de caracteres celulares até então ocultos passaram a ser explorados pelas lentes poderosas e detalhistas do microscópio eletrônico.


Além da microscopia eletrônica, outros avanços estão sendo incorporados nos estudos desenvolvidos pelo laboratório. Até hoje a maioria dos trabalhos nascidos ali descreviam achados histológicos sem entretanto quantificá-los. Hoje através de técnicas histomorfométricas a quantificação já é possível e os achados podem ser estatisticamente respaldados deixando de ser puramente descritivos.


Este fato indubitavelmente empresta às publicações a credibilidade aritmética tão valorizada e exigida nos últimos anos pela maioria dos periódicos científicos.


Além da histomorfometria, novos e aperfeiçoados métodos de embebição e fixação dós OTH têm sido realizados com vistas a correta preparação dos ossos para posterior análise imunohistoquímica.


Esforços concentrados na área da informática objetivam a computadorização de todos os dados pertinentes aos OTH tanto clínicos como de patologia. Com isto a abstração de dados de história, assim como a seleção dos ossos disponíveis para um particular estudo serão enormemente facilitados. Este programa está sendo desenvolvido buscando o estabelecimento de um sistema universal. Assim sendo, abre-se a possibilidade da troca de informações entre os vários centros de otopatologia do mundo sem restrições de linguagem ou distância.


As novas tecnologias e métodos de pesquisa que descrevemos nos parágrafos anteriores levam-nos a uma interrogação obrigatória: quantos laboratórios de ossos temporais serão suficientes para esgotar nossas necessidades e satisfazer nossas dúvidas? Achamos que não obstante o número, ele nunca será o suficiente. As coleções e os laboratórios devem ser dinâmicos com crescimento constante e sempre superior ao número de moléstias que atingem o ouvido humano. Como exemplo a síndrome da imunodeficiência adquiria, as doenças auto-imune e uma miríade de outras síndromes eram desconhecidas e talvez até inexistentes há somente uma década atrás.


Muito mais importante ainda é que cada região tenha acesso às patologias que lhe afetam e são comuns habilitando-os a desenvolver "Know-how" próprio e coerente com suas necessidades. No caso de um país como o Brasil, pela sua extensão geográfica, diversificação cultural, racial, climática e sócio-econômica e pelo elevado nível de sua medicina e existência de um laboratório próprio autônomo ou afiliado se impõe. Os autores se alinham ao lado daqueles que acreditam que em medicina (como em outras áreas) a contínua importação de informações básicas pode ser perigosa, podadora e até mesmo oportunista.


Acreditamos verdadeiramente na viabilidade deste projeto. Ele representará um grande salto de qualidade para a otorrinolaringologia neste país. O vai-vem clínico-patológico é indispensável para o crescimento da otologia de uma forma uniforme e completa em nosso meio.


Lesões fibro-ósseas benignas (LFOB) são patologias de caráter benigno onde se agrupam alterações patológicas caracterizadas pela substituição de osso por tecido conjuntivo. A classificação destas patologias baseia-se, principalmente em critérios clínicos e radiográficos, uma vez que estas lesões podem apresentar aspectos histológicos semelhantes, no entanto, exibindo comportamento e prognóstico distintos, como na displasia fibrosa, lesões reativas e fibroma ossifi-cante central.


A displasia fibrosa (DF) consiste em uma lesão benigna do tipo hamartoma que ocorre principalmente em pessoas jovens,iniciando geralmente na primeira ou segunda década da vida, aparecendo como uma expansão lenta e indolor e com prevalência na maxila,envolvendo não raramente ,nestes casos, ossos adjacentes e sendo denominado de displasia craniomaxilofacial.Quanto ao tratamento,lesões pequenas que não comprometem esteticamente requerem apenas biópsia para confirmação e o acompanhamento clínico, enquanto que outras lesões que continuam a crescer, comprometendo estética e funcionalmente o paciente, requerem tratamento cirúrgico com osteoplastia após a estabilização do crescimento da lesão.


O fibroma cemento-ossificante (FCO) central pode ocorrer em qualquer idade, porém observa-se maior incidência nas 3a e 4a décadas de vida, envolvendo a mandíbula, principalmente na região de pré-molares e molares, afetando na maioria dos casos pacientes do gênero feminino. As lesões pequenas são em sua maioria assintomáticas e as lesões grandes resultam em um aumento de volume do osso envolvido, podendo causar assimetria facial.O tratamento, de acordo com Neville e Tuji consiste na enucleação do neoplasma, cuja execução apresenta relativa facilidade devido à natureza circunscrita do fibroma ossificante, apresentando prognóstico muito bom e rara recidiva.


Lesões reativas referem-se às lesões onde ocorre a substituição de osso de determinada região por tecido osteo-cementóide.Três grupos de displasias fazem parte desta classificação: cemento-óssea periapical, focal e floridas.As lesões se assemelham quanto à: sintomatologia, freqüentemente ausente; predileção pelo sexo feminino; pela raça negra e faixa etária entre a 4a e a 6a décadas de vida,diferenciando-se entre si pelo padrão de localização e pelo aspecto radiográfico.


Resumo:


A designação "lesão fibro-óssea" descreve apenas um processo que inclui um grande grupo de lesões onde se fazem presentes hamartomas, processos displásicos e reativos, bem como neoplasmas, possuindo como aspecto comum à substituição do osso por tecido conjuntivo fibroso, contendo quantidades variáveis de tecido mineralizado. O objetivo deste trabalho foi verificar a prevalência das lesões fibro-ósseas benignas e a sua distribuição quanto ao sexo, raça, localização e faixa etária, diagnosticadas no período entre os anos de 1971 e 1997 no laboratório de Patologia Bucal da FOUSP. Os nossos resultados demonstraram que as LFOB foram as que tiveram maior incidência correspondendo à metade de todas as lesões ósseas, devido à falta de informações adicionais no momento do diagnóstico histopatológico. Na nossa amostra a lesão mais freqüente no grupo de LFOB foi o FCO. Em relação ao grupo de LFOB são mais freqüentes em pacientes do sexo feminino da raça branca com idades variando entre a 1a e a 5a década de vida. No que diz respeito à localização anatômica a mandíbula é mais acometida nos casos diagnosticados como LFOB, FCO, enquanto que a maxila é o sitio anatômico de maior ocorrência nos casos de DF.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores